sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Infinda Solidão


Il Bacio - Gustave Klimt


Por quem me tomas quando o amor que sinto
da carne dista, é sensação do peito?
O anseio que me assola é puro instinto
guardado no sonhar sem preconceito.

Por quem me tomas neste labirinto
de dor e medo e cheio de defeito?
O meu sentir não pode ser extinto
por conta de um conflito sem efeito.

Por ora busco alguma direção
para aquietar-me a mente tão doída
que só concebe o que não tem razão.

Se eu não achar porém explicação
passível de curar esta ferida,
me entregarei somente à solidão.

© Márcia Sanchez Luz

19 comentários:

  1. Oiii Márcia Tenha andado meio afastado, mas vim hoje aqui conferir o seu trabalho e ver , com satisfação, que você segue sendo a poetisa de talento que eu admiro tanto. Parabéns pelo seu soneto "Infinda Solidão", realmente magnífico. Meu abraço, Manoel Virgílio

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  2. Olá Márcia , mais , uma obra perfeita. Mostrando paixão e duvidas e por fim uma retirada para reflexão.Um soneto que abre o ano com nota dez.

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  3. Infinda a solidão só será
    se assim muito quiseres,
    amiga das horas todas,
    hás-de saber-te querida

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  4. Marcia, querida: adoro essa imagem do Klint e o teu poema vem com toda força nos lançar na poética da solidão. Bjos de luz neste ano novo. Grauninha

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  5. Jorge Cortás Sader Filho disse...

    Márcia, é sempre um prazer saborear o que escreves.
    Certa, direta, vai no alvo. Gosto muito dos teus textos, e gosto mais quando recebo para comentar, o que muito me honra.
    Beijos,
    Jorge

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  6. ESTE É UM SONETO QUE JÁ NASCE CLASSICO, NO EQUILIBRIO DA FORMA COM A EMOÇÃO. VC ESTÁ ALCANÇANDO A SUA PERFEIÇAO. FELICIDADES NO ANO NOVO, ROGEL SAMUEL

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  7. Belíssimo soneto, Márcia! Obra de mestre.
    Beijos
    Ana Guimarães

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  8. Márcia, que satisfação rever seus requintes formais (dos quais já sentia saudades) todos confirmados mais esta vez, onde poeticamente você opta pela solidão.

    Com "o amor que sinto da carne dista" você revela um eu lírico capaz de amar de uma forma bem interessante. Parece implausível, mas estou convencido de que esse tipo de amor existe mesmo, fora do universo poético. Nunca tê-lo experimentado eu mesmo, isso é outríssima coisa.

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  9. Belo poema,Márcia.Abraços
    Zilda Santiago

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  10. ADOREI o Mini-Micc(r)olis, ficou uma graça. Obrigada, amiga. Quanto ao seu soneto, já o conhecia, mas é sempre bom relê-lo. Mil beijos, Leila

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  11. Márcia!
    Um poema triste, porém bem construido, assim ele tornou-se belo
    Beijos!

    Mariano P. Sousa

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  12. Sarava!
    Tu és a explicação de tudo.
    Nada te deves.
    A não ser
    Te explicar.

    Beijos
    Thô
    (Heitor de Pedra Azul)

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  13. Márcia,
    você quando escreve é como um arco que quanto mais tenso e rígido lança a flecha no mais longe dos longes e acerta o alvo que é a emoção, a sensibilidade e o coração dos leitores. Parabéns por tocar num sentimento tão áspero para nós seres comuns, mas uma poetisa como você consegue falar com tamanha suavidade. Parabéns.

    Seu admirador e assíduo leitor,

    Mauro Lúcio de Paula

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  14. Esse sentimento que transtorna a mente, levando a conceber somente "o que não tem razão", ficou mais sentido neste belíssimo soneto.
    Tão triste, mas tão perfeito!

    beijos

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  15. Márcia, sua destreza com as palavras e ideias são perfeitas.
    abraços,
    Pedro

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  16. "Infinda Solidão" - Um poema de "infinda" sabedoria.
    Meu aplauso e emoção.
    Gilia GerlinG

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  17. Minha querida amiga Márcia. Depois de mais de dois meses afastado na net aqui estou eu novamente percorrendo a sua casa e usufruindo desse seu espaço maravilhoso. Parabéns pelo lindo trabalho literário que você oferece ao mundo virtual - Um abraço do seu amigo Sardenberg

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  18. SOLIDÃO INFINDA 1

    materializa em mim matéria do sonho
    com a tremura dum flan ainda fresco
    para falar do amor e de onde ponho
    a alma a beber de palha o refresco

    sou a hesitação sem nenhuma graça
    onde graça o medo vindo do afecto
    trazendo infinito medo da desgraça
    onde sem arte procuro um aspecto

    dizer-te o Sim e Não duma decisão
    trás à minha vida ficar comprida
    dando o sentir como uma irrisão

    ficam o Não e o Sim na sensação
    essa sim tão bem dita cumprida
    que o poema quero ser: poesia
    20.01.10

    SOLIDÃO INFINDA 2

    não sei onde mora o meu amor
    abandonou-me para me deixar
    como se não tivesse meu valor
    seja a sentir escrever 1 pensar

    2 isto que escrevo infindo leito
    onde o poema vem a deitar SE
    na ideia que trás o seu direito
    onde verso escrever a dizer-se

    3 infinita melodia esta solidão
    onde as canções nascem o dia
    onde em tristeza dá repetição

    onde do 4 compondo melodia
    onde sou esta simples canção
    fazer minha vida à imensidão…
    23.01.10

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  19. A lapidação da forma, sempre perfeita, dá guarida a palavras simples, frases singelas e temos, ao final, um soneto de tal profundidade que nos comove profundamente. A percepção da condição humana faz a obra de Márcia pontualmente universal. Há que ler e reler...

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