quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Soneto para Manoel de Barros

Viver nos tempos modernos...

© Márcia Sanchez Luz

Para Manoel de Barros
(19.12.1916 - 13.11.2014)















O vento sopra como se mistral
fosse o presente tempo: decomposto
por vibrações de um átomo disposto
em forma ou natureza fractal.

Procuro uma resposta pra este mal
(que invade o ser humano predisposto
a não mudar o que lhe foi proposto)
e mostra o mundo já no seu final.

É o fim dos tempos onde a paz crescia
e nos norteava o dia que seguia
sem tantas mágoas a nos ofertar.

É duro ver o mundo em movimento
inverso e nos trazendo mais tormento
com tanta vida em torno a se apagar.


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Frenesi

© Márcia Sanchez Luz


Orquídea, por Márcia Sanchez Luz





















Aos pedaços me atiro em movimentos
frenesi, momento insano, me questiono
se o que vivo é o que espero de minha vida
se ao teu lado vou me achar na despedida

Mesmo em sonhos, tropeçando em descaminhos
sou quem sou, não tenho nada que me impeça
de alcançar-me mais adiante, sem ter pressa

Vou viver meus sentimentos sem ti mesmo...

E ao dizer-me assim sem traços de amargura
sou de ti meu descaminho que não mente
e que sente a dor da perda que consente.


*Do livro Porões Duendes

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Se assim pudesse...

© Márcia Sanchez Luz

Para Gabriel García Marquez
(06.03.1927 - 17.04.2014)














Seria do amanhã, se assim pudesse,
o sol que comemora a luz da lua
e no teu peito surge, em plena rua,
como um noturno afeto, quase prece.

Seria, do acordar, paixão que aquece
(em meio ao turbilhão da noite nua)
e de mansinho chega, se insinua
e faz do medo cor que empalidece.

Seria assim pra sempre um festejar
de cores, sons, sabores se alastrando
e nos trazendo à vida transparência

de sentimentos soltos pelo ar.
Como seria bom viver cantando
um mundo na alegria da existência!


quinta-feira, 20 de março de 2014

Outonal

© Márcia Sanchez Luz


(Img: Google)















As folhas caem amarelecidas
no outono de meus sonhos olvidados.
Mas não são eles, mesmo que apagados,
os responsáveis pelas despedidas.

As folhas caem mesmo indefinidas
pelo cansaço (anseios acuados)
e no fracasso, adeuses desterrados
evocam emoções esmaecidas.

O que acontece então? Por que caíram
ao chão as ilusões tão bem descritas
em cartas que juravam não prescritos

o que dissemos e nos conduziram
a pretensões de amores sem desditas?
Talvez a teoria de infinitos.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Desejos arcanos

© Márcia Sanchez Luz


(Img: Márcia Sanchez Luz)












Sonhos de moça-menina,
sonhos de mulher madura,
sonhos que a vida costura
e que o mau tempo assassina.

Sonho que a noite fascina
e que alegria perdura,
mas quando acordo a brandura
se perde - a vida fulmina,

pois não perdoa os enganos.
São tantos, sei, não tem jeito,
mas não são erros mundanos.

São só desejos arcanos
e com os quais me deleito,
pois que não são levianos!