segunda-feira, 9 de março de 2009

Bosconeana, de Alvaro Cueva

A gaveta que abri
Me abriu a ferida
Restos guardados
Poeira da vida
Ah, é só isso que dá
Freqüentar meu passado

Num papel de cigarro
A promessa indevida
Fica estranho pensar
Que hoje é o resto da vida
Ah, tua sombra lilás
Meu olhar desbotado

A foto apagada
A carta escondida
O ano na agenda
A flor esquecida
A caixa do nosso bombom
O velho cobertor

Uma concha vulgar
Lembra a praia perdida
O teu sabor de sal
Uma onda bem-vinda
Ah, ainda gosto do mar
Ah, ainda gosto um bocado
Fecho a gaveta verdade
Tranco a dor que há em mim

Ah, ainda o gosto do mar
Ah, ainda gosto um bocado
Já que eu não mato a saudade
Vou fazê-la dormir

Álvaro Cueva - Compositor,sócio do Clube Caiubí de Compositores, lançou em 2005 seu primeiro álbum independente, 'Canabi Emotiva', com participação de Alexandre Cueva, Zé Rodrix, Toninho Ferragutti, Proveta e Marcelo Pretto, entre outros. Em 1989 lançou, junto com a Banda Rés o LP Rés Derelictae, com várias de suas composições. Participou de vários Festivais (Tatui, Avaré, Carrefour, Projeto Nascente - USP etc.). Formou-se em Artes Cênicas, tendo na teatralidade de suas canções uma das características mais marcantes de seu trabalho.

http://clubecaiubi.ning.com/profile/alvarocueva

Contato:
(11) 8359-7796
alvarocueva@gmail.com

(Publicado com a autorização do compositor)

Um comentário:

  1. Nessa gaveta
    todo um passado
    que ali guardado

    mantinha-se em silêncio
    em memórias deixadas
    nas areias da praia

    nas aguas levadas
    hoje mostrado
    revela-se vivo
    nada foi apagado.

    Belo poema lindo mesmo.

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