domingo, 15 de dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
Seiva Fátua
© Márcia Sanchez Luz
(Img:
Lucidez I, Gustavo Saba)
Eu te agradeço porque me
cedeste
o corpo inteiro numa
entrega mútua,
em que o prazer em sua
forma agreste
rompeu de nossos corpos
seiva fátua.
Insana gratidão a que me
presta!
Pois se foi mútua, por
que agradeceste?
Nesta paixão arrebatada
e farta
não tem calor que não se
manifeste!
Mas assim mesmo eu quero
te dizer
que pude ser teu rei e
teu vassalo
no instante em que tu
foste minha amante.
Que seja então prazer a
florescer
dentro de nossas almas!
O que exalo
é fruto deste amor inebriante.
(Do livro “Porões Duendes”)
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Soneto do amor distante
© Márcia Sanchez Luz
![]() |
(Img: Girafa em chamas, Salvador Dalí) |
Por tudo o que vivemos sou refém
dos sonhos que deixamos de viver;
ficou saudade por não mais poder
amar-te na distância e mais além.
Eu sei, virou tratado que mantém
um bom bocado de ilusões de haver
tentado nesta vida não sofrer
ausência de um amor que nunca vem.
Escuto o som de notas distorcidas
pela distância que se faz maior,
mas que ainda existe na afeição real
e me alimenta a alma consumida
pela procura insana do sabor
de vida intensa, ritmo ideal.
(Do livro "Quero-te ao som do silêncio!")
domingo, 29 de setembro de 2013
A Primavera
© Márcia Sanchez Luz
O sol se abre
e a primavera em festa
celebra as flores, hiantes
como os pássaros
buscando pares
em beijos e abraços
fazendo a corte
em ritos de passagem
cantando o dia
que acorda fantasias.
O sol aquece
amorna a ferida
e a dor doída
parece que invalida
as tentativas
mais que atrevidas
de amar somente
e nunca estar ausente
ser confidente
à espera mais que urgente
de amor fremente
que arde e envolve a lira
em notas breves
em semitons parelhos.
E anoitecendo
a luz da lua grita
anunciando
o som mais que preciso
da noite insone
que nunca se aquieta.
(Do livro “No Verde dos Teus Olhos”)
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Madrigal
©
Márcia Sanchez Luz
Quero-te ao
som do silêncio,
quero-te à
sombra da estrela;
Como te quero, endoideço!
Quero-te
tanto e mal penso
que te
querer me congela.
E este
querer sem cautela
me faz viver
sonho imenso.
Quero-te
assim, como eu quero
que este
querer não acabe!
Por ti, meu bem, não pondero
e mesmo nem
considero
se em nossa
vida não cabe
o amor que
tanto eu espero.
(Do livro “Quero-te ao som do
silêncio!”)
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Limite
© Márcia Sanchez Luz
(Img: Apanhador de sonhos - Vladimir Kush)
Durante meses, anos, se apagou
o brilho da poesia e da canção.
E descontente, então, o coração,
de luto e amarguras se inundou.
de luto e amarguras se inundou.
O fato é que esta dor já se arrastou
por muito tempo. Basta de aflição!
Não posso mais viver na contramão
de meus desejos – a emoção gritou.
Eu quero da tristeza estar distante,
sentir da vida a leve brisa infinda
que o peito e o corpo todo acaricia.
Como é cruel a dor dilacerante,
que mesmo nunca sendo ela bem-vinda
insiste em ser da vida companhia!
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Sonhar alado
©
Márcia Sanchez Luz
![]() |
(Img) Girl with curls - Salvador Dalí |
Ele fugia a
cada passo dado
por mim em
direção ao seu encontro;
quando por
vezes eu lhe dava os ombros,
voltava a
me chamar para o seu lado.
Ele dizia estar
apaixonado,
eu
respondia assim, logo de pronto,
que parecia
mais um reencontro
de duas
vidas, de um sonhar alado.
Logo
passamos a nos convencer
que o que
deixamos era pra ficar
entre nós
dois, como um selado pacto
de
confidências sobre o abstrato,
eterno e
transcendente renascer
de corações
e flores a brilhar.
* Do livro "Quero-te ao som do silêncio!"
quarta-feira, 8 de maio de 2013
MELODIA
© Márcia Sanchez Luz
(Img: Juan Miró)
Não há que negar
nossas diferenças
posto que existem
o claro e o escuro
na mais densa mata
de todos os palcos
desta melodia
cujo nome é vida!
Transportada em redes
de luares rentes
pois que a ti concedem
o clarão da alma
da mais pura calma
concebida em noites
de total silêncio
onde a dor acaba
e o furor transcende
transpassando a mente
doce e saborosa
pois que vicejante
em tua fala quente
que atordoa e mente!
Faz-se soberana
como em ti emana
a presença humana...
Mãos que se entrelaçam
entregando espaços
antes tão restritos
a ínfimos laços!
Do livro: "No verde dos teus
olhos", Ed. Protexto, PR, 2007
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Distanciamento
© Márcia Sanchez Luz
![]() |
(Img: Soyez Mystérieuses - Paul Gauguin) |
Com quantos paus eu faço uma canoa
que ao mar me entregue? Quero só sonhar
na noite que me alenta e a dor escoa
sem que ninguém me apresse o despertar.
Bem sei que a tempestade vai chegar
e medo ou covardia não perdoa.
Porém não posso desejar que o mar
simule a mansidão de uma lagoa.
Existe o risco de não ser possível
voltar à terra firme e aí então
terei até o fim por companheiras
estrelas. Sei que a paz, sempre aprazível,
vou encontrar e, livre de aflição,
a vida será leve e alvissareira.
terça-feira, 5 de março de 2013
Liberdade
© Márcia Sanchez Luz
![]() |
Img: Ninfa Azul Sonhando - Ana Luisa Kaminski |
Para
alcançar-te em mares, destemido
senhor
dos próprios atos, como faço?
Se
vou buscar-te a nado, adormecido
fica
meu corpo todo. E sem teus braços
como
é que posso estar sem ti comigo?
Ao
te buscar descubro que o fracasso
é
não tentar (ainda que o castigo
venha)
lutar pelo meu próprio espaço.
Assim
nos é possível prosseguir
(mesmo
que por caminhos diferentes)
a
vida que escolhemos partilhar.
Amor não é tristeza a nos trair
os sonhos e os desejos mais ardentes.
Quem tem grilhões não sabe o que é amar.
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